República do Pensamento

CALCANHAR

Marcos Fabrício
BH 4.11.2002

A gente inquieto,
imitando a memória,
não sei o que é o bom,
só lembro do ótimo da fantasia.
Apenas me busco
no meu calcanhar
onde alcançar
lembranças além.
Só faço cantar
as letras que vem
aonde forçar
ainda vintém.

Vou acompanhar
os ritmos do vai e vem.
Sei lá onde buscar
e não me perdi.
Talvez caminhar
estradas a cantar,
paradas sem ônibus,
passagem de graça,
a benção sem telha,
a casa amarela,
cavalo sem cela,
só busco o vento
sem regra a soprar

A existência de ser...
Uma estrada a erguer
no palmo de argila
a endurecer
castelos de areia
no parque do esquecer.
É a minha infância
no entardecer.
Conto um punhado de sol
para esclarecer
o mistério do pó,
vou renascer. Ninhos de amor.