VIDRAÇA
não sou seu marionete
sua maquete afrobrasileira
não sou sua peneira, politicamente correta
sou a meta do que desejo ser
sou a vidraça que espelha
centelha beleza negra
por todos os poros
ora cidadão
porque esse não
esse senão
não sou seu esboço
seu poço de descontos
seu serviçal pronto para executar ordens
não sou sua camareira, quietamente alerta
sou a reta que desejo curvar
sou a pirraça que incomoda
a roda dos tempos sem lógica
a mágica trágica relação humana
ora senhorita
porque se irrita
e não acredita?
atire a última
a última pedra
se for capaz
* Luiz Cláudio Pimentel