ESSA PALAVRA
risca essa palavra do dicionário
da tua agenda, da tua rede neural
esmigalha essa essência do imaginário
da tua prenda, da tua ode moral
sai do coma em breve gesto
não deixa resto, que assim renasça
atira essa cortisona em fundo cesto
não pensa nela, que assim desgraça
risca essa tentativa do teu diário
da tua escala, da tua teia natural
estraçalha essa clemência de campanário
da tua alma, da tua onda anormal
cai em forma em louco gesto
não digas "empresto", e sim "é meu"
atira-te à própria zona, em puro atesto
nessa palavra, que sou só eu.
da tua agenda, da tua rede neural
esmigalha essa essência do imaginário
da tua prenda, da tua ode moral
sai do coma em breve gesto
não deixa resto, que assim renasça
atira essa cortisona em fundo cesto
não pensa nela, que assim desgraça
risca essa tentativa do teu diário
da tua escala, da tua teia natural
estraçalha essa clemência de campanário
da tua alma, da tua onda anormal
cai em forma em louco gesto
não digas "empresto", e sim "é meu"
atira-te à própria zona, em puro atesto
nessa palavra, que sou só eu.
* Luiz Cláudio Pimentel
CANALHA (candangotango)
Já era hora,
sacana,
miséria ativa
cegou a cura,
canalha,
mero engano
clamei, aos prantos,
repulsa querida
perdi os pontos
impulso cigano
já era estúpido
amor explodido
partiu pra farra
canalha, ó desengano
cremei as pontes
expulsa a bandida
parei um pouco
senti, que te amo.
* Luiz Cláudio Pimentel
AOS PRACINHAS DA II GUERRA
patria minha
meu amor
se já empunhastes
a arma em guerra
foi para
semear o amor
* Gustavo Footloose
AS RETAS DA AVENIDA COMERCIAL DE BRASÍLIA
não contes com isso, jovem!
o que aprontas aqui, breve terá reviravolta
o que descontas ali, em outra ponta vem
com multas e correção
sonhas em não ver o passado à tua frente
quando de pronto ele surpreende,
passa rente a ti
imaginas dividir a felicidade por igual?
para ti só haverá o mal
para elas, a brilhantina
imaginas superar a nervosidade natural?
para elas, o alto-astral
para ti, a morfina
o que aprontas aqui, breve terá reviravolta
o que descontas ali, em outra ponta vem
com multas e correção
sonhas em não ver o passado à tua frente
quando de pronto ele surpreende,
passa rente a ti
imaginas dividir a felicidade por igual?
para ti só haverá o mal
para elas, a brilhantina
imaginas superar a nervosidade natural?
para elas, o alto-astral
para ti, a morfina
* Luiz Cláudio Pimentel
GRANDE ANGULAR
Pausa em mim
instantes de tua percepção
Retém, assim
tua lânguida expressão
devora-me com olhares, que me rendo
ampara-me com teus braços, que me estendo em tua direção
encara-me com o coração, que me emendo ao teu
quero fotografar
milissegundos de felicidade
quero encadernar
macrofissuras de bondade
quero me recusar
a evoluir na idade, junto de ti
encara-me com atitudes, que me iludo
escora-me com tuas pernas, que me jogo frente tua visão
estuda-me todo, que aprendiz não serei em vão
instantes de tua percepção
Retém, assim
tua lânguida expressão
devora-me com olhares, que me rendo
ampara-me com teus braços, que me estendo em tua direção
encara-me com o coração, que me emendo ao teu
quero fotografar
milissegundos de felicidade
quero encadernar
macrofissuras de bondade
quero me recusar
a evoluir na idade, junto de ti
encara-me com atitudes, que me iludo
escora-me com tuas pernas, que me jogo frente tua visão
estuda-me todo, que aprendiz não serei em vão
encara-me com o coração, que teu serei em tudo
* Luiz Cláudio Pimentel
A HORA
me surpreende teu jeito
de não querer,
ardendo de vontade de se expressar,
por dentro
só quem não entende teu pulso,
estranha teu viver
lutando pela vontade de se revelar,
por inteiro
não, nunca me arrependerei
de ouvir tua firme voz
marcando passos arteiros
teu olhar, mirando horizontes certeiros
não, nunca me arrependerei
de sentir tua pele flor
pisando poses de freira
teu andar, incandescente passageira
a hora é essa
se junte ao meu desejo
guardo o teu beijo
delicada peça
a hora é essa
me inundo em teus braços
estreita o laço
afasta a pressa
* Luiz Cláudio Pimentel
de não querer,
ardendo de vontade de se expressar,
por dentro
só quem não entende teu pulso,
estranha teu viver
lutando pela vontade de se revelar,
por inteiro
não, nunca me arrependerei
de ouvir tua firme voz
marcando passos arteiros
teu olhar, mirando horizontes certeiros
não, nunca me arrependerei
de sentir tua pele flor
pisando poses de freira
teu andar, incandescente passageira
a hora é essa
se junte ao meu desejo
guardo o teu beijo
delicada peça
a hora é essa
me inundo em teus braços
estreita o laço
afasta a pressa
* Luiz Cláudio Pimentel
IMPROVÁVEL
o esforço é contínuo! soa perecível
o desgaste é iminente... ecoa, invencível
nossa sintonia é pouca! como fosse improvável...
nossa atonalidade é louca... como fosse impublicável
nos pontos menores
faremos horizonte
nas maiores dores
fixaremos ponte
dos contos, flores
das contas, cores
dos sonhos,
amores
o desgaste é iminente... ecoa, invencível
nossa sintonia é pouca! como fosse improvável...
nossa atonalidade é louca... como fosse impublicável
nos pontos menores
faremos horizonte
nas maiores dores
fixaremos ponte
dos contos, flores
das contas, cores
dos sonhos,
amores
* Luiz Cláudio Pimentel
NATUBELEZA
água caiu do céu
molha o cabo verde
mundo cheio de flor
fruta sabor semente
luz do esplendor
raiz pingo de gente
sombra redentora
galhos feito abraços
teia acolhedora
laços delicados
força da união
ninho e voo dos pássaros
* Marcos Fabrício
SUJEITO COMPOSTO
eu a vejo em meus sonhos, tão verdadeiramente reais
a sinto, em presença impávida
cheia de vida, mas solta-a aos poucos, entre tragos
cadarços amargos, de fel
eu a miro em meus olhos rasgados, tão estupidamente fitos
a crio e recrio, em ausência inválida
cheio de esperança, mas prendo-a muito, entre suspiros
rechaços antigos, de dor
a sinto, em presença impávida
cheia de vida, mas solta-a aos poucos, entre tragos
cadarços amargos, de fel
eu a miro em meus olhos rasgados, tão estupidamente fitos
a crio e recrio, em ausência inválida
cheio de esperança, mas prendo-a muito, entre suspiros
rechaços antigos, de dor
* Luiz Cláudio Pimentel
INQUIETUDE
A outra parte da relação, sou eu
a inquietude, a plenitude platônica
o outra parte da ação, me pertence pouco
a solitude, a atômica perplexidade
o teatro contém vários idiomas
onde duas faces se exultam, ou se lamentam
não há termo do meio
o drama contém poucos aromas
mas as dores se expandem, ou se realimentam
não há amor pela metade
* Luiz Cláudio Pimentel
não bastasse a vida cheia de interlúdios
estamos presos
todos cabeludos
cravados
de dentro do centro
do corpo
há imensidão
não
basta!
*Gustavo Footloose
QUEM ERA EU APARECEU
quem era eu apareceu
pintou e bordou com o meu presente
êta adulto decadente
a criança ainda não morreu
só porque passou a fase
a molecagem continua
ainda preso à idade
não quer mais saber da rua
da casa pro trabalho
sempre o mesmo itinerário
não sabe o que fazer
com o seu tempo de lazer
compromisso na agenda
diversão com hora marcada
namorada fica na bronca
visita aos pais sempre adiada
esquecendo o sorriso
sapeca virou careta
na frente vem só a gravata
o sujeito ficou na gaveta
no rabo do cometa
sonhava em conhecer a lua
no vício da roleta russa
a vida somente encurta
quem deixa de fazer arte
vai com a vaca junto pro brejo
chame de volta o seu encanto
bom humor é sempre remédio
* Marcos Fabrício
HORA DE DIZER O QUE DEVE SER DITO
quero querer você
podias saber logo
posso perder tudo
saberias escapar à toda
posso olhar você
devias amar isso
poderia arriscar tudo
esquivarias a rir disso
chegou a minha hora
a tua, foi-se agora
de dentro do meu peito
bastou a tua hora
a minha, foi-se embora
findou, não tem mais jeito
podias saber logo
posso perder tudo
saberias escapar à toda
posso olhar você
devias amar isso
poderia arriscar tudo
esquivarias a rir disso
chegou a minha hora
a tua, foi-se agora
de dentro do meu peito
bastou a tua hora
a minha, foi-se embora
findou, não tem mais jeito
* Luiz Cláudio Pimentel
RONALDO BRASILEIRO
é do Brasil esse mago da bola
do olhar confiante ao sorriso maroto
dá-lhe, garoto!
o drible tão redondo
desconcerta em harmonia
faz para a massa, pura magia
Lavando a alma rubro negra
Que deseja não conter alegria,
Gol RS, Nota 10!
* Luiz Cláudio Pimentel
LOCO ABREU
Loco com fome de bola
Abreu abrindo as portas do gol
Com sua plástica cavadinha
Avança da marca da cal
A redonda que flutua
Do pé ousado de quem a toca
Botando fogo no mundo
Que não suporta mais tanta retranca
* Marcos Fabrício
Cruzes!
Crise chega, e se instala, viral
Crises!
Cruz se apega, e abençoa, batismal
nada mais frágil e forte
na debilidade do conhecer
a fortaleza da revelação
nada mais fútil e férreo
na causticidade do saber
a agudeza da absolvição
* Luiz Cláudio Pimentel
preciso da imprecisão
para precisar
o diabo da dor dá
um santo remédio
água mole em pedra dura
para que tanta frescura
copo pequeno
não resolve
sede oceânica
fome de leão
mas a comida
é de passarinho
* Marcos Fabrício
do jeito que nós vivemos
não espere pelo epitáfio
nos labirintos da moral
entre nós
o direito à ternura
o mel do melhor
a poesia do encontro
entre os fios do amor
* Marcos Fabrício
Soluções da Meia Noite (Receita do Grande Amor)
1 kg
doçura,
cerveja,
chocolate,
morangos
1 kg
bem salgadinho
de fofuras, recheios e sorrisos
de fofuras, recheios e sorrisos
10 ton de amargura, a caminho.
Reserve, se possível, não preserve.
500 g de lágrimas do crocodilo para a crocodila
(e vice-versa)
Tente misturar, sem bater
Tente não se meter, quando dá nos nervos
Tente, tente, tente
e não desista
Insista
Restará o sol, o suor, as lágrimas, e um grande amor,
Faltará um ingrediente principal, que pediu pra sair.
moçabandida
moçabandida
bandidamocinha
garota con vida
na linha, atrevida
bandida, mocinha
me tira da linha,
se vier, eu tô a fim
* Luiz Cláudio Pimentel
bandidamocinha
garota con vida
na linha, atrevida
bandida, mocinha
me tira da linha,
se vier, eu tô a fim
* Luiz Cláudio Pimentel