República do Pensamento: janeiro 2011

X is e Y psilone

XX

críticas idôneas, novas nuvens névoas
chilique, falta de zona,
perda de tônica, prática mesmo
astutas, desempenham sob vaias ou pelos
não se irritarão com a procissão de seu Hércules,
nem o desacreditarão

XY
possíveis erros, novos novelos
intriga, falta de zelo
perda de tempo mesmo
artistas, desenterram, sob ovos ou selos
não chegarão com classe à sua Afrodite
nem a deixarão

* Luiz Claudio Pimentel


NO PAIN, NO GAIN (ou A Teoria do Tedio)

me diga, amiga

fiz eu algo além de meu limite?
fiz eu algo que te impressionasse mais negativamente do que já costumo fazer?

teu desdém me dói nos ossos,
acreditava em tuas palavras, em teus relatos,
em teus fatos

Agora que és mais mulher, te fitas ao teu regaço
ao entusiasmo do materno abraço
Agora que és quem queres ser, te lotas ao passo
vagar vistoso dos dias que antecedem tua transformação.

me diga, colega

fiz eu algo tão assim censurável?
fiz eu algo que te acovardasse da emocional decisão inspirada dos primeiros dias?

teu vintém deixou de ter valor há eras,
reluzia em tuas curvas, em tuas menções,
em tuas claras intenções

Agora que sou mais menino, me fito ao meu moço interno
à empolgação do jovem laço
Agora que sou quem quero, me junto ao passo
viver vigoroso dos dias dolorosos que me fazem amadurecer.

Ainda bem.

* Luiz Claudio Pimentel


GAIOLA DOS APAIXONADOS

admita que curte as grades

as hostis aventuras
a desventura romântica
química quântica
inexplicável e deliciosa

admita que se cobre de esperanças

das pueris lembranças
da ruptura frenética
mística, filosófica
transcendente e perigosa


admita que deseja

mais que tudo
ser o único sortudo
o único contemplado


admita, mesmo que não diga, que não queira

tudo ainda mais

conduzi-la aos portais
venerar o sempiterno instante
do sorriso que a toma por inteira.

* Luiz Claudio Pimentel


Espinho é quem machuca flor

* Marcos Fabrício


o importante não são as rosas
mas a rosa
que recebe as rosas

* Marcos Fabrício


amor a noite cai
caio eu perdido
sofrido do teu rock
comigo, consigo, com todos
fui caindo, de..caindo
me afundei em mim mesmo
e lá dentro
te encontrei


* Gustavo Footloose


bunda de sofá
oculto labirinto
dissolvendo ao vivo
o trato com o tato
última fachada
bala sem fala

tiroteio de absurdos
puxe o novelo e lá vem a novela
realidade em primeira pessoa não interessa
avança o umbigo na tropa do ibope

troque suas orelhas por um par de antenas e fique a ver marinho


MIRAÇÃO

te vi chegando
meu mundo povoando
minha mente adentrando

vi vc se transformando
virando personagem
de toy art


* Gustavo Footloose


EREÇÃO

vírgula
vira
travessão

* Marcos Fabrício


DEIXA ROLAR


seguir o caminho
acreditar sozinho
bisbilhotar o horizonte

de mansinho

zarpar sem destino
arcar sem visto

manda chegar

cumprir o desacordado
voar entortado
bagunçar o próximo

sem pena

torpor sem direção
remar convicto

deixa rolar

* Luiz Cláudio Pimentel


FISSURA

ah, fissura
boa de doer
sangra você em mim

sonho você, carmim
cor do pecado,
com juízo e local marcado

ah, fissura
pia de viver
vaza você entre meus átrios

sonho você, jasmim
cor da luz do sol
em matizes atrizes
gostosa em HD
autodefine meu prazer

Oh, fissura
não mais que dura
seja dominante,
pune meu sacrilégio
dana o privilégio
de ter tuas mãos às minhas unidas

seja pura com o amigo
conduz-me ao abrigo
reforça meu amor repetente,
em dose infinita.

seja cura com o aconchego
conduz-me, que me entrego
reforça teu sabor inebriante,
em pose infinita.

* Luiz Cláudio Pimentel


COR E ARTE (Dor e Sorte)


óleo que detalha
bolha que se espalha
se deixa colorir

cores nuances palha,
dores fortes, navalha
vêm me invadir.

arte que impressiona
ponte que emociona
me faz refletir

arte grega ou grogue
rica louca esnobe
quer me possuir

sorte grande ou gralha
dor de monge, limalha
quero deglutir

corte grossa ou canalha
flor ao longe, que raia
queira repetir.



* Luiz Claudio Pimentel


INSPIRações


Traço palavras
que escorrem de meus calos
das lamentações

Lanço pedidos que se expandem
de meu halo,
das inspirações

Inspirações Músicas
Limitações Únicas
MEU SIM

Transformações Lúdicas
Revelações Túnicas
MEU FIM



* Luiz Claudio Pimentel


MARATONA DO QUERER

ELE

Levanta.Busca.Enxerga.Crê.Banha.Lê.Enverga.
Vaza.Deposita.Alimenta.Veste.Beija.
Admite.Nega.Admite mais uma vez.
Corre.Abre.Fecha.Igniciona.
Acelera.Freia.Estaciona.
Trabalha. Rala.ROLA.RALARALAROLAROLA.
Trabalha. Foge.

Corre pra te ver.
Corre pra te ver, sim!

Mais um desencontro.
Administra, ri de nervoso, voa, estaciona, desaba e RONCA.

ELA

Levanta.
Brilha, SONHA, SONHA, SONHA.
Adormece.

Levita, sonha, BRILHA, BRILHA, BRILHA.
Incandesce meu ser.

E não a tenho...
* Luiz Cláudio Pimentel


EXERCÍCIO

Direcionar meu sacrifício
final
Sacrificar meu artifício
afinal

É tão grande o exercício
Não dou conta

Padronizar meu grande vício
normal
Interpretar no interstício
moral

É sofrido o exercício
Não estou pronto


Retrabalhar o edifício
canal
Eternizar o desperdício
sem final

É precioso o exercício
Vale a pena


Retificar o teu suplício
banal
Reconstruir o fictício
criminal

É doloroso o exercício
leva a vida

posto como minha mensagem de novo ano a todos os seguidores da república.
Sds,
Luiz Cláudio

* Luiz Cláudio Pimentel