República do Pensamento: outubro 2010

Ande na faixa, sapatinho!
direitinho no esquema, malandragem!
Transite em PAZ!
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agrade a verdes, amarelos e vermelhos
Respeite a sinalização
Transite em PAZ!
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jamais buzinaram
jamais derraparam
jamais correram...
Transite em PAZ e viva o sonho!

* Luiz Cláudio Pimentel


Televisão distrai. Livrovisão diverte.

* Marcos Fabrício


Só acredito no poder da mente se for para pensar naquilo.


* Marcos Fabrício


CONFISSÕES DE UM ATOR PORNÔ

nunca dei mole
sempre fui duro com as mulheres
não tem conversa
entrei e saí
saí e entrei da vida de todas elas
pau pra toda obra
cobra criada
o mapa da mina
é meter bronca
gozei da vida
é isso que importa
porra

* Marcos Fabrício


Respeito é bom...
Peito é melhor!

* Marcos Fabrício



rio doce

porque mar de lágrimas

salga, azeda e amarga.


* Marcos Fabrício


Original na vida é reproduzir o bom fazendo o bem.

* Marcos Fabrício


A virtude é o único vício saudável

* Marcos Fabrício


Superego é "fichinha" para o EgoDemais


* Marcos Fabrício


PESSOA EM PRIMEIRO LUGAR

aviso aos navegantes
não é preciso navegar
é preciso viver

* Marcos Fabrício


SINAL DO AMOR

vermelho para o ódio
amarelo para o respeito
verde para o carinho

* Marcos Fabrício


A urna é eletrônica, mas o voto não é automático.


* Marcos Fabrício


BRASA, NÃO TE QUERO ILHA!

Não são as asas que precisam de eixos.
São os eixos que precisam de asas.


* Marcos Fabrício


O poste é um sujeito iluminado
Disse o melhor amigo do homem


* Marcos Fabrício



Quem joga merda no ventilador

não aguenta mais ser descarga

* Marcos Fabrício


no doce balanço
a rede cansa
e o bacana descansa

* Marcos Fabrício


Gravidez planejada. Também conhecida como Seguro-Cegonha.

* Marcos Fabrício


Comer com os olhos também é teste de fidelidade.


* Marcos Fabrício


A ESPERANÇA...

Achado: nem tudo está perdido.


* Marcos Fabrício


Não quero o Dia do Juízo. Prefiro a Noite da Loucura.

* Marcos Fabrício


PETROBRÁSCUBAS

"O petróleo é nosso,
ou seja, meu e seu!"
- disse eles.

* Marcos Fabrício


Pica-pau, dependendo do contexto, é pleonasmo.

* Marcos Fabrício


Auto-Didata é formado na Auto-Escola.


* Marcos Fabrício


CHURRASQUINHO DE GATO

O filé mignon de poucos é o filé miau de muitos

* Marcos Fabrício


amor no ar
passarinho querendo
passarinhar...

* Marcos Fabrício


Não é preciso atingir a velocidade da luz para ver estrelas.

* Marcos Fabrício


RODO

nunca precisou demonstrar que sabe
nunca divergiu pensar que cabe
no meio de abraços e pernas
no meio de ancas eternas, que fossem


nunca alimentou histórias de bastidores
nunca implorou glórias ou flores
embora seu ego esmurrasse aço por isso
no meio de poucas opções, carentes que fossem


nunca deixou de mentir para desferir seu sabre
nunca pegou em armas para atirar o seu calibre
embora seu ânimo assim o direcionasse
passasse o rodo em que quer que fosse, e gamasse.
 
* Luiz Cláudio Pimentel


IDÉIAS NOVAS


o mundo mudou
eu não
o mundo acabou de começar
eu, no chão


esperando decolar por osmose
por overdose
de boa intenção

o mundo caiu
eu também
o mundo colidiu-se em si
para o bem

de todos,
a uma só idéia
a uma só voz,
a um só. 

idéias novas
poses, provas
ceias, covas.


* Luiz Cláudio Pimentel


TUDO PASSOU

passou a saudade
que um dia atormentou

passou o amor
que um dia adoentou

passou o tempo
que um dia parou

passou
e só o novo ficou


* Gustavo Footloose


BONDE DO PINOCÃO


Domingo missa bem cedo
Semana cheia de missão
Todo mundo se omitindo
No bonde do pinocão
Haja Ave Maria
Pra pouco Pão Nosso
Paz de Cristo nas alturas
Embaixo o diabo aluga
Na hora do aperto
Passa a mão leve
Corro pro abraço
Vem o soco de vida
No bucho pastel de vento
Redentor abre os braços
Quando chega a minha vez
Resta o confessionário
Pecador pecador pecador
Devedor devedor devedor
Beija a mão do filho da culpa
Ninguém mandou você nascer de Madalena
Se quiser lugar na santa ceia
Ajoelhe e reze
Em pé somente os 10% da sua importância

* Marcos Fabrício




Roubolation
Marcos Fabrício Lopes da Silva*




Dois partidos dividem o poder político no Brasil: os caras-pintadas de ficha limpa e os caras-lavadas de ficha suja. O primeiro time se evidencia pela conversa afiada, o outro se esconde na conversa fiada. Um elenco deseja o saber de consumo compartilhado, já o segundo se reserva na defesa do poder de compra acumulado egoisticamente. O mérito e a coerência intra e interpessoal não joga no mesmo time do vício anti-social de fazer a média, que nivela todos por baixo. Um grupo deseja arrumar a cozinha, na contramão está a outra parte que só quer fazer sala. Há um setor que cata o luxo no lixo e outro que não se lixa pro lixo para ficar com o luxo luxuoso. Muitos plantam e não colhem, poucos não plantam e colhem. Quem pula na frente não quer saber de quem corre atrás. No rodeio, o peão acaba fazendo o papel de touro mecânico dos agroboys. Muitas vezes bate o martelo um sujeito prego. Trezentas picaretas são ignoradas por anéis de doutor.


Macarrônico sem ser biotônico, o país, de maneira camaleônica, pratica a “utopiada”, conforme destacou o poeta José Paulo Paes, em Seu metaléxico (1973). Como banquete para as traças, a utopia e o seu encantamento ímpar, ressaltado por Mário Quintana, em Das utopias (1951):
“Se as coisas são inatingíveis...ora!/Não é motivo para não querê-las.../Que tristes os caminhos, se não fora/A mágica presença das estrelas!”. Falar de utopias é falar da história do homem que se depreende do desajuste entre sociedade real e idealizada: o mundo que é não corresponde ao que deveria ser. A sociedade encontra, na formulação utópica, modelos que resistem à aceitação passiva de força mantenedora do status quo. Jerzi Szachi, em As utopias ou a felicidade imaginada (1972), estabelece a distinção entre utopias escapistas (que se definem pelos sonhos por um mundo melhor sem um comando de luta) e utopias heróicas (que incluem um comando de ação). Neste último grupo, estão as utopias da política (expressas pelo desejo de transformação social desde seus fundamentos).



Contudo, cabe destacar a diferença abissal existente entre o socorro populista e a rede de proteção pública no fazer político. Ferramenta de promoção do bem comum, a política, quando é reduzida à esfera privada, não se respalda em propostas e programas de extensão coletiva, e sim em simpatias e empatias restritamente pessoais. Quem tem nojo da política é governado por quem não tem. E os maus políticos tudo fazem para usar o poder público em benefício de seus interesses privados. Lima Barreto foi certeiro no alerta feito na crônica Elogio da morte, de 19/10/1918: “Se nós tivéssemos sempre a opinião da maioria, estaríamos ainda no Cro-Magnon e não teríamos saído das cavernas. O que é preciso, portanto, é que cada qual respeite a opinião de qualquer, para que desse choque surja o esclarecimento do nosso destino, para própria felicidade da espécie humana. Entretanto, no Brasil, não se quer isto. Procura-se abafar as opiniões, para só deixar em campo os desejos dos poderosos e prepotentes”.



A segurança preventiva tem sido enjaulada pela segurança repressiva, a ponto de cadeias serem mais aclamadas do que cadeiras, por parte das autoridades-otárias. Os pinóquios incuráveis confundem promessas compridas com promessas cumpridas. Realizar significa somente ajustar as realidades do reino à realidade do rei. O caixa dois continua sendo marcado pela “conthabilidade” do conto do vigário fora da contabilidade dos contos da igreja. Principalmente em tempos eleitorais, a política vem sendo deturpada, como se ela fosse a titica que põe ovos de ouro. Só que a galinha em questão vive uma crise de identidade crônica há 510 anos. Errando o português e ignorando acertos zumbis-tupis, vivemos a ordem dos sem reais e o progresso dos cem reais. Falácia é acreditar que basta a galinha se transformar em raposa para tomar conta do galinheiro. A grosseria do temor não joga no mesmo time da sutileza do respeito. Confundindo alhos com bugalhos, vivemos um dilema-cilada: da cintura para cima, somos AI-5; da cintura para baixo, Chico. Resultado: alimentamos uma esquizonação dividida entre a favela Primeiro de Maio e o condomínio Primeiro de Abril. Alguns VIP, muitos VAP, e poucos, ZAP!


Herbert Vianna, dos Paralamas do Sucesso, expôs, em 1995, na canção, Luís Inácio (300 picaretas), a onipotência elitista e a impotência popular por trás do ufanismo conveniente: “Luís Inácio falou, Luís Inácio avisou/São trezentos picaretas com anel de doutor/(...)Eu me vali deste discurso panfletário/Mas a minha burrice faz aniversário/Ao permitir que num país como o Brasil/Ainda se obrigue a votar por qualquer trocado/Por um par de sapatos, um saco de farinha/A nossa imensa massa de iletrados/Parabéns, coronéis, vocês venceram outra vez/O congresso continua a serviço de vocês/Papai, quando eu crescer, eu quero ser anão/Pra roubar, renunciar, voltar na próxima eleição”.


Em 2010, a trilha sonora da corrupção política é a paródia escrachada, Roubolation, de Maicow Pinto, talentoso músico e humorista paraibano: “Alô minha galera, prestem atenção/Roubolation é a nova sensação/Quem tem quinze anos fica de fora/Que vai começar a eleição/O seu voto é bom, é gostoso demais/Mulheres na frente, homem atrás/E a mão na carteira que vai começar!/O Roubolation tion, O Roubolation/O Pegadation tion, o Pegadation/O Prometetion tion, o Prometetion/O Enganation tion, o Enganation/Roubolation é bom, bom,/Roubolation é bom bom bom/Roubolation é bom, bom,/se você confirmar fica melhor”. Eis a sátira dedicada às utopiadas monásticas defendidas ardilosamente por um pequeno grupo de pessoas que se isolam junto a seus pares para impedirem a reformulação radical da sociedade. Porém, sabemos que para haver uma política afinada, o som da maracangalha empolgante deve triunfar sobre o barulho da maracatuia destoante.




* Poeta, autor de Dezlokado (2010). Jornalista formado pelo Centro Universitário de Brasília (UniCEUB). Doutorando e mestre em Estudos Literários/Literatura Brasileira pela Faculdade de Letras da UFMG.


DANÇA DAS CADEIRAS

fui menino nos braços de uma mulher
faísca acesa fazendo fogueira cheio de corda
nos dedilhados toques a mapear o violão
o tom dela em meu acorde acordou a melodia
palmo a palmo trilhando o mapa da mina
fruta à vista paladar a prazo encontro marcado
marcante abraço ligações de pernas a bailar
naquela dança das cadeiras a solidão ficou sem lugar


* Marcos Fabrício


NÃO PERCA!

Para você que deseja ser um reles mortal
com quinze minutos de fama no horário nobre,
vendo para uso próprio
cueca cagada de sujeito famoso
e calcinha menstruada de celebridade.


* Marcos Fabrício


MOLEQUE TRAVESSO


Escorrego como moleque travesso
No tobogã dos teus cabelos ao vento
Tiro música com as mãos
No toque macio do teu rosto
Que avanço como gato assanhado
Pela lua cheia de encantos mil
Sete vidas possuo
Pois tenho muito amor para dar
E miados de gata manhosa para receber
Eu me enrosco no teu corpo-cama que me chama
Hipnotizado pelo teu papo-cabeça
Acompanho a voz da minha fada de sol
Pela mina de ouro fico todo enluarado
À medida em que me cubro no teu manto de estrelas
Teus braços me embalam
Nos mais variados sonhos que me dão na telha vagar
Em ti navego amor
Como o peixinho que ensinou o marinheiro a nadar
Sereia teu canto não me afoga
Teu encanto me transforma em um surfista
Que vibra na crista da onda
Quando a princesa amada brisa
Pega carona na prancha-mágica do transado arrepio


* Marcos Fabrício


POR ONDE VOCÊ PASSA


Por onde você passa
Me faço avenida, rua encantada
Por onde você corre
Me faço quebra-mola
Que paquera o seu balanço
Para que pise no freio e me note
Por onde você flutua
Sou placa para orientar seus sentidos
Rumo ao nosso ponto de encontro
Por onde você imagina parar
Já estou estacionado guardando a sua vaga
Por onde você resolve acelerar
Sou pedaço de horizonte esperando o seu belo chegar
Por onde você avança
Sou reta babando por tuas curvas em alta velocidade
Por onde você desliza
Fico arreado nas quatro rodas
Com direito ao step
Por onde você voa
Não passo lotado pois sinto no faro
O teu perfume de dama da noite
Por onde você descansa as pernas
Sou a chuva fina que refresca o seu caminhar
Por onde você olha mais além
Me faço de óculos escuro
Para o sol não atrapalhar o seu brilho
Por onde você trilha a direção da chegada
Não sou a largada, mas a bandeirada quadriculada
O troféu da corrida nos braços da amada



* Marcos Fabrício


grafite 0.3

pelas pontas, quebradiço
soluçante, tremelique doido
doído e dândi
pelas minhas contas,
eternaço imperante, tribufante ponto
pautado e picolo

o retrato sai, mas me arranha
não assanha não

o retrato distrai
mas me ganha
a desatenção vã

* Luiz Cláudio Pimentel


ESSA SEGUE, ENQUANTO OUTRAS NÃO VEM

essa carta breve

segue, porque outras não vieram
não assumiram
não disseram pra onde iam


essa carta breve
prossegue,
porque outras já disseram
e sumiram, por terem dito nada de novo a respeito

esse cara segue
cego,
porque vários já alertaram
que há luzes pelo caminho


luzes demais, luizes de menos.

* Luiz Cláudio Pimentel


CONTAGEM

10 segundos pra explosão
1 segundo pro beijo
pro não
um universo inteiro

conto sem contar vantagem
que é toda da dupla
que é toda feita garupa
caroneira de muitas viagens

5 minutos pra cruzes e crises
5 segundos - paralise minha veia
pra assim,
consolidar-te minha sereia

conto sem cobrir pensamentos
que é todo duplo
que é feito mútuo
aventureiro de várias paisagens

* Luiz Cláudio Pimentel


Desintegrar


Detesto soluções destrutivas
Não devo ser humano
O homem não se importa
Ele nem se dá o trabalho de pensar
O coração e a alma do outro têm parâmetro
Nada é relativo, tudo depende
O peso sobre a razão é único,
Indivisível e fugaz
Minha cabeça dói,
pois o que vejo é somente a maldita solução destrutiva
Quero chorar, mas não consigo
Quero parar, mas me calo
É tão angustiante a unilateralidade dos fatos
O fato é consumado, findo e acabado
Detesto soluções destrutivas
Não devo ser humano


* Alexandre Henrique


O PARTO DA POESIA

Pari
Parei
Previ

Ouvi
Senti
Pensei

PUTA Q PARIU!


* Gustavo Footloose


EM TREZE LINHAS

em treze linhas
eu tento dizer
eu posto, onde?
em treze, sim
eu digo, mas

largo mão
envieso,
desvio,
e vejo
toda
dor,

1.
 
* Luiz Cláudio Pimentel


profissão de fé
dedicada aos meus mestres.

Creio no giz gritado,
Creio no sangue suado,
Creio na garganta rouca

Creio na matiz preta, branca, índia e amarela,
Creio no suingue do improviso,
Creio na proposta recusada

Creio na valorização de um humano que ainda terá suas chances
Creio na experiência de alguém com mais tempo de vida que eu,
e que me chama sei lá porque de senhor

Creio em mãos apertadas em união
Creio em sorrisos abertos em profusão

Creio no Espírito Educador,
na Nova Escola Formadora
na comunhão dos alunos e professores
na remoção das arestas entre todos

na ressurreição da escola como parceira da família
na vida divertida de ensinar

Assim Seja.

* Luiz Cláudio Pimentel


sereno que cai da noite
orvalho ao amanhecer
são as lágrimas
que evaporam
da noite
do meu ser


* Gustavo Footloose


segue teu fluxo
que eu sigo o meu

não há lógica
em sentir
o que não deu

não há sentir
quando há só dor

há enganar
a felicidade inevitável


* Gustavo Lucas


ASSOMBRA AÇÃO

estou em um lugar
ao lado de alguém
que não sei quem

só sei que estou ao teu lado
e você do meu

mas nos conformemos
não há mais como consolar
um coração que já partiu


* Gustavo Footloose


ela brigou comigo amigo
ela danou comigo amigo

ela me abandonou amigo
ela me fun-fundeu amigo

amigo
é isso

conto comigo
sigo contigo


* Gustavo Footloose


ENQUANTO ISSO, NA SALA DE JUSTIÇA...


Deus,
estou aqui advogando
em nome de um amigo
que está sofrendo pra diabo.

Lúcido e lúdico,
pego essa causa
com conhecimento de consequência.

Meu parceiro tem luz própria
e escuridão alugada.
Ele resolveu pagar a conta do black-out.
Assumiu-se ovelha negra,
já que o pastor ganha a vida
adestrando cordeirinhos.

Desespero é não saber separar o enjoo do trigo.
O cara também gosta de pão,
mas o padeiro cobra mil surreais
para ensinar a receita do bolo.
Haja fermento para tanta pobreza.
Riqueza é conversar com a justiça no esquema “papo reto”.

Caô caô não enrola o carpinteiro do universo.
Marco uma hora com o senhor toda a vez que rezo.
Brother, proteja aquele que acredita
que o inferno astral é apenas o passaporte edificante
para atingir o Jardim do Éden.




* Marcos Fabrício


EU TE QUERO ASSIM
trilha sonora: Safada, de Wando


eu te quero assim
fazendo firula
na folga na uva
ficando batuta
rolando pirraça
toda manhosa
paquerando na janela
me vendo chegar


eu te quero assim
com caras e bocas
com jeito manhoso
escondida no quarto
armando surpresa
de baby dool
me chamando de baby
passando talquinho
suquinho na boca
pra me refrescar


eu te quero assim
com pose de gata
subindo as paredes
navegando na rede
pra poder me achar
eu te quero assim
toda intelectual
livro de cabeceira
nosso mel do melhor
cabeças nas nuvens
pés beijando a terra
e a gente rolando no chão
que nem criança sapeca


* Marcos Fabrício


PRECISO PARTIR PARA ACELERAR

me dizem que não,
me falam, então...
pra que acelerar?

porque preciso,
porque, impreciso,
me esmero, em confusão
para achar soluções

porque insisto,
porque, quase não desisto
me ampero, amplifico minha percepção,
para achar confissões

* Luiz Cláudio Pimentel


ESCOLHAS, ESCOLHAS (a dor e o amor ensinam)

se passaste meia década frente a tantos
que te deixaram tonto tantas vezes,

não rezes!
tens a vocação

não desprezes!
vem a superação

se forçaste a barra por meia vida para que houvesse mudança
que te fragilizou, mudo milhões de vezes,

não te alteres
é provação, do pó ao marfim
não desesperes!
tens coração, enfim.

* Luiz Cláudio Pimentel


GRATIDÃO

foi necessário perder para reconhecer a necessidade
foi necessário reaver para recuperar a sanidade

fui ao contrário
fui adversário de mim

a gratidão é o ponto de fuga
é o que desfaz a rusga
é meu pão
a gratidão é a cura do espinho
é a vinha do meu vinho
única opção

foi necessário rever para reconhecer a dificuldade
foi necessário esquecer para recuperar a verdade

fui um otário
fui adversário de mim

a gratidão é o ponto de fuga
é o que desfaz a rusga
é meu vão
a gratidão é a cura do espinho
é a vinha do meu vinho
única razão

*  Luiz Cláudio Pimentel


OS NÓS DE MEU PIXAIM

nós, os pixains
os sem fins
os deslocados

nós, os pirados
os pureblacks
os blackjacks
os armados

nós, os serafins
os confins
os mal amados

nós, os poupados
non ripping jacks
os acossados

nós, os pirlimpimpins
os tintins
os desprezados.

* Luiz Cláudio Pimentel


Cachorrada é não dividir o osso

* Marcos Fabrício


Do banquete oferecido o tira-gosto escolhido


* Marcos Fabrício


Sua inteligência. Do verbo suar.

* Marcos Fabrício


Uma mão lava a outra
quando as duas são águas


* Marcos Fabrício


O olho da rua é o olho mágico da porta de casa

* Marcos Fabrício


HOMEM DE FERRO É VIRA-LATA




* Marcos Fabrício


LUZ É CARA. EVITE CHOQUE.




* Marcos Fabrício


CÁ OLHO
CHAMA VISÃO


* Marcos Fabrício


alô som

alô som

silêncio é saúde

barulho é doença


* Marcos Fabrício


RÉU CONFESSO

bendita gula
porque maldita é a fome

bendita preguiça
porque maldito é o trabalho forçado

bendita ira
porque maldita é a apatia

* Marcos Fabrício


BRASA GENTIL

sou piloto dos teus planos
satélite candango
amigo do cerrado
arquitetura dos fatos
saber é bem poder
brincar no belo parque
trabalhar no contra-ataque
defender a esperança
fazer o meio-de-campo
com a seca de todo ano
umidade relativa unidade absoluta
tanta reta em cada esquina
exu com asas
entorno céu pra todo lado
pés descalços
sai do armário
mãos querendo dar as mãos
autorização de próprio punho
hora dali planalto surreal
encontro por acaso
meu currículo está lotado
quase sem querer
temos todo o tempo do mundo
espaço demarcado
conjunto nacional
cada um é especial
na terra do astral
tem sempre um deus pra cada um
q.i. de primata
que tá com a macaca
nadar no paranoá
é tudo de bom
aquele luar
sol por dentro
é querer acordar
desperte gigante pela própria natureza
deitado eternamente em berço esplêndido
só se for no colo de mamãe
pátria brasa gentil
ilha encantada
amor é melhor do que ordem e progresso

* Marcos Fabrício


ABUSO DO SILÊNCIO

inspiração
nenhuma
transpiração alguma saiu

caiu em desuso
é primeiro de abril
o difuso inocêncio

edificação
de espuma
alteração alguma surgiu

caiu em parafuso
é morteiro senil
abuso do silêncio
 
* Luiz Cláudio Pimentel



DUPLA CAI PIRA
LEVANTA E ARREPIA

FALOURA E DISSEMORENA

SÓ SUCESSO
NAS PARADAS DO FRACASSO



* Marcos Fabrício